Líderes da Economia Solidária e do Pacto RS 2025 Debatem Crescimento Sustentável e Justiça Social na Rádio Negritude

O programa Mais Redes de Cooperação da Rádio Negritude Web, apresentado por Rud Semente, dedicou seu espaço ao debate sobre o Fórum Democrático do Pacto RS 2025. O programa contou com a participação de Charles Scholl, coordenador da Nossa Área – Movimento Pela Economia Solidária, e Ronaldo Zulke, ex-deputado e atual diretor do Fórum Democrático da Assembleia Legislativa.

O Pacto RS 2025 e os Desafios do Rio Grande do Sul

Ronaldo Zulke, que foi saudado no ar pelo seu aniversário de 71 anos, explicou que o Pacto RS 2025, proposto pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas, busca um grande pacto social entre todas as forças políticas do estado para retomar o crescimento econômico com sustentabilidade.

Segundo Zulke, o Rio Grande do Sul tem enfrentado estagnação econômica, perdendo participação no PIB nacional (hoje em 6%, já tendo sido 7%) e crescendo menos que os estados vizinhos (Paraná e Santa Catarina). Além da estagnação, o estado lida com o problema geracional, com a população envelhecida e a juventude buscando oportunidades em outros estados ou países, e a grave crise climática.

Zulke mencionou que, nos últimos seis anos, o Rio Grande do Sul sofreu cinco estiagens e três enchentes, sendo a de maio de 2024 a maior catástrofe climática que atingiu o Brasil. O Pacto RS 2025 visa repensar o futuro do Rio Grande, encontrando um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o cuidado com a natureza.

O processo do Pacto, iniciado em março, envolveu cinco grandes debates em Porto Alegre, nove seminários regionais e plenárias livres, resultando em 215 propostas, das quais 175 estão disponíveis para votação popular na plataforma digital gov.br/pactors25 até 26 de outubro. As 80 propostas mais votadas integrarão o relatório final. Zulke garantiu que o trabalho será concluído em dezembro e encaminhado ao plenário da Assembleia, ao governo estadual e ao governo federal para subsidiar a criação de políticas públicas.

Charles Scholl e a Economia Solidária

Com Milton Bernardes do Ministério do Desenvolvimento Agrário na 31ª FEICOOP em Santa Maria

Charles Scholl, que também atua como assessor no Fórum Democrático, destacou a importância de seu retorno ao programa para discutir o Pacto RS 2025, que está em uma fase crucial de participação popular. Scholl mencionou a realização de uma plenária livre específica para tratar da economia solidária no Fórum.

Ele também fez referência à Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária (Feicop) em Santa Maria, ocorrida recentemente, onde se reuniu um encontro formidável de organização feminista, já que a economia solidária é majoritariamente conduzida por mulheres.

Desafios da Formalização e a Liderança Feminina

Scholl levantou uma contradição importante baseada nos números apresentados no Fórum Democrático: enquanto a economia solidária é tocada por mulheres, a maioria dos empreendimentos formais é liderada por homens. Ele argumentou que grande parte da atividade de economia solidária realizada por mulheres sequer é reconhecida como trabalho ou formalizada.

Para Scholl, a formalização é essencial para potencializar a distribuição de renda e a justiça social, um caminho perseguido pela economia solidária. A economia solidária é reconhecida como um modo de produção que valoriza a cooperação e o trabalho associado, buscando construir uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável, em oposição à lógica da competição capitalista.

Propostas Estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável

Durante o programa, Zulke e Scholl detalharam algumas das propostas estratégicas que emergiram do Pacto RS 2025:

PORTO ALEGRE – RS – BRASIL – 15/03/2025: Instalação da Gestão 2025/2026 do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional. Espaço da Convergência. Foto: Fernando Gomes / ALRS.

1. Conservação dos Solos: Zulke chamou a atenção para o modelo agrícola gaúcho que leva à compactação do solo, dificultando a absorção das águas pluviais, o que agrava as enchentes na região do Guaíba. A Embrapa desenvolveu um projeto que propõe um novo manejo do solo com cobertura vegetal, que, se implementado como política pública, poderia reduzir em quase dois metros o nível da água que chega ao Guaíba.

2. Combustível Verde e Reconversão Industrial: Outra proposta inovadora é a reconversão da refinaria de Rio Grande, que hoje refina petróleo, para refinar produtos de origem vegetal, como oleaginosas (ex: canola), para produzir combustível para aviação. Scholl e Zulke veem isso como uma nova prática que oferece a utilização do solo em culturas alternadas (como culturas de inverno), fomentando a possibilidade de não utilização de combustíveis fósseis e afetando positivamente o agronegócio gaúcho.

3. Sucessão Rural e Cuidado com a Juventude: Zulke destacou a preocupação com a sucessão rural, pois a juventude não encontra atrativos na vida no campo, sendo necessário um modelo de produção agrícola que mantenha o interesse da juventude no campo e atenda aos seus anseios. A ideia é buscar uma “sucessão produtiva” que mantenha as áreas rurais nas mãos das próximas gerações.

Scholl concluiu que o Pacto RS 2025, ao produzir um ambiente de debate e proposições com a comunidade, oferece uma extraordinária contribuição ao povo gaúcho. Ele reforçou a importância da colaboração e da superação das estruturas hierárquicas autoritárias no mundo do trabalho, defendendo que a ação coletiva e democrática é o caminho para superar as fragilidades individuais e construir um futuro sustentável.

O programa, que destacou a luta pela democracia e pelo interesse público, encerrou com Charles Scholl prometendo estender a conversa sobre os novos projetos de economia solidária na região.

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