ECONOMIA SOLIDÁRIA E CRIATIVA PROMOVE FEIRA HÁ BRAÇO NO NOVO ESTEIO

A Feira Popular de Economia Solidária e Criativa do Bairro Novo Esteio, realizada no sábado, dia 15 de novembro de 2025, foi um sucesso e um marco de mobilização comunitária. O evento, que se consolidou como uma “ação saudável de mobilização pela reconstrução da vida dos moradores” do Bairro Novo Esteio, demonstrou mais uma vez o poder transformador da economia solidária e criativa no Rio Grande do Sul.

A feira, que ocorreu das 9h às 13h, reuniu a comunidade na praça ao lado da Escola Irmã Sibila, atraindo expositores de diversas regiões, inclusive Novo Hamburgo, e ativistas da economia solidária de várias partes do Brasil, conferindo uma perspectiva regional à atividade.

Processo Colaborativo e a Escolha da Praça

A iniciativa partiu do Coletivo Há Braços, que tem a solidariedade como princípio fundante, simbolizada por um gesto de contato, um abraço, e pela disposição do grupo em somar esforços na reconstrução após as cheias de 2024. O processo de organização foi marcado pela cooperação e diálogo comunitário:

1. Parceria Inicial: O Coletivo Há Braços firmou parceria com a Nossa Área – Movimento pela Economia Solidária, coordenada por Charles Scholl, e com o Movimento Comunitário de Moradores do Bairro Novo Esteio. A ideia da feira foi inicialmente bem recebida por moradores e comerciantes em reunião realizada já em setembro.

2. Planejamento Participativo: O propósito central era contribuir para a recuperação material, estrutural e emocional das pessoas afetadas pelas enchentes de maio de 2024, que ainda guardam traumas.

3. Mudança de Local Estratégica: A feira foi proposta a ser realizada inicialmente no canteiro central da Avenida Rio Branco, entre as ruas Lobo da Costa e Cacequi. Contudo, a Comissão de Moradores do Bairro Novo Esteio sugeriu e solicitou o uso da Praça ao lado da Escola Irmâ Sibila, por entender que este local representava mais para a comunidade e possuía “melhor infraestrutura e visibilidade”. Esta contraproposta foi prontamente aceita por Charles Scholl, representando a Nossa Área e o Há Braços.

Arte, Solidariedade e Resiliência: O Sucesso do Modelo

O evento se pautou pelos pilares da Solidariedade, Arte, Cultura e Resiliência. O sucesso da feira está intrinsecamente ligado à defesa de que a arte funciona como um “elemento catalisador de cognições sociais” e é essencial para promover ativamente o sentimento de resiliência. Experiências anteriores com Feiras de Economia Solidária, realizadas durante o processo de reconstrução, já comprovaram que atividades dessa natureza promovem “relações sociais de qualidade”, que são cruciais para combater o isolamento e a falta de perspectiva, que podem aprofundar processos depressivos pós-calamidade. Ao final do ato, os participantes reforçaram a solidariedade ao afirmar: “Somos Todos Esteio”.

A Economia Solidária e Criativa em Foco, segundo Charles Scholl

A feira reforçou o modelo de simbiose produtiva entre a economia solidária e a economia criativa, um conceito que tem sido amplamente defendido por Charles Scholl, coordenador da Nossa Área – Movimento Pela Economia Solidária.

Charles Scholl classifica essa relação como “muito virtuosa e estratégica para a economia local”. Ele argumenta que a economia solidária atua como a “âncora estrutural” necessária para transformar o potencial da economia criativa em realidade social, promovendo a distribuição de renda e de riquezas.

Scholl utiliza uma metáfora poderosa para explicar essa sinergia: a economia solidária é o “solo fértil e bem estruturado” (focado na cooperação e sustento de todos), e a economia criativa (representada pelo artesanato e cultura) é a “semente de alto valor e beleza”. Quando combinadas, em vez de serem cooptadas pelo lucro individual (monocultura capitalista), elas florescem em uma “colheita diversificada” que nutre toda a comunidade local. Scholl sustenta que a economia solidária oferece o modo de produção essencial para que a economia criativa resulte em realidade social, valorizando o trabalho associado e a cooperação, vitais para construir uma sociedade mais justa e sustentável.

Artistas, Integrantes e Apoiadores do Sucesso

O evento foi enriquecido por diversas manifestações de arte e cultura, que contribuíram para a atmosfera de convivência qualificada.

Destaques Artísticos:

O evento contou com sonorização e show de Daniel Mello e Digli, com a participação de Rodrigo Fontoura e seu irmão Igor. A sonorização completa para o ambiente da feira e as apresentações musicais (voz e violão) foram viabilizadas pelo Projeto Multiação 4ª edição do IFSUL/Sapucaia do Sul, que visa apoiar a comercialização de empreendimentos solidários e estimular a organização autogestionária.

O Coletivo Há Braços se consolida e realiza atividade social no Novo Esteio:

A realização da feira culmina com a concretização de um planejamento feito pelo coletivo Há Braços formado por: 

• Daianny Madalena Costa: escultora, doutora e mestre em educação.

• Rosângela Mendes de Ávila (Rosângela Farofa): escritora, professora da rede estadual, artista e artesã, e especialista pós-graduada em literatura.

• Rosane Gouvêa: ativista da educação, cultura e defesa do meio ambiente.

• Isabel Sommer: produtora de fitoterápicos, artista visual e herbalista, que acolheu a atividade inicial do grupo em sua residência.

A Comissão de Moradores do Bairro Novo Esteio, representada por Mariza Iracet, Daneil Mello, Miro foi parceira central na concretização da feira, sendo o Movimento Comunitário de Moradores do Bairro Novo Esteio listado entre os envolvidos na organização. Estudantes da Escola Luiza Fraga e moradores mais antigos do bairro, como Dona Geni e o Senhor Leão, participaram ativamente do plantio de um jardim comunitário e árvores, assegurando a continuidade da ação.

A Feira Popular e Criativa do Novo Esteio reforça, assim, a capacidade do empreendedorismo coletivo de gerar renda, dignidade e fortalecer a democracia na base, mostrando que a solidariedade e a cooperação são caminhos viáveis e bem-sucedidos para a reconstrução comunitária.

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